domingo, 10 de outubro de 2010

Um

Naquela cidade cada um sonhava o segredo.

O menino sem nome conheceu o garoto sem pernas. Ele não tinha pernas, e mesmo assim, não precisava de ninguém para ir embora.

Eles tentaram.

O garoto sem pernas mostrou o mundo como conhecia. O que não tinha nome, embarcou. Como quem nunca mais quer voltar.

Por um tempo eles olharam para a mesma direção.

Ele nunca lhe deu um nome.

Ele nunca lhe trouxe as pernas.

O que para um era uma sina, para outro era o mistério.


Por algum tempo, eles poderiam ter andado juntos sobre o mesmo trilho. Mas nunca seriam esmagados pelo mesmo trem.

(Ismael Caneppele).
                                                      

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