Naquela cidade cada um sonhava o segredo.
O menino sem nome conheceu o garoto sem pernas. Ele não tinha pernas, e mesmo assim, não precisava de ninguém para ir embora.
Eles tentaram.
O garoto sem pernas mostrou o mundo como conhecia. O que não tinha nome, embarcou. Como quem nunca mais quer voltar.
Por um tempo eles olharam para a mesma direção.
Ele nunca lhe deu um nome.
Ele nunca lhe trouxe as pernas.
O que para um era uma sina, para outro era o mistério.
Por algum tempo, eles poderiam ter andado juntos sobre o mesmo trilho. Mas nunca seriam esmagados pelo mesmo trem.
(Ismael Caneppele).